Foi observando a Malu comer sua ração que comecei a conversar com a minha esposa a respeito do Pateta, do Mickey, do Pato Donald e do Pluto - personagens de histórias em quadrinhos criados por Walt Disney. Inicialmente, meu caro leitor, preciso esclarecer que a Malu é uma cachorrinha que, assim como o Pito, uma calopsita macho, frequentemente hospedam-se aqui em casa durante as viagens da minha filha - que é quem os cria (Malu e Pito). Observando a avidez com que a Malu devorava o seu alimento, comentei que talvez fosse solidão o motivo que a estivesse levando a se alimentar daquela maneira; que um animalzinho precisa ter a companhia de um outro animalzinho da mesma espécie. Foi então que nos lembramos dos personagens criados por Walt Disney, e de suas respectivas companheiras: para o Mickey, a Minnie; para o Pato Donald, a Margarida; e para o Pateta, a Clarabela.
Neste blog publico textos a respeito de livros e artigos que leio, cenas do cotidiano que observo, pensamentos que tenho, e matérias que me fazem sentir que merecem ser relembradas ou relidas de tempos em tempos.
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sexta-feira, 25 de agosto de 2023
PATETA, CLARABELA E HORÁCIO
quinta-feira, 3 de agosto de 2023
DEPOIS DO FIM
No centro da sala enorme e fria jazia o corpo. Ornado em flores, mãos cruzadas sobre o peito, estendido em sua urna sepulcral com a tez pálida, e ainda assim com o magnetismo mantido pelo que havia sido ao longo dos seus 97 anos, o falecido promovia uma reunião de pessoas em torno de si - como costumava acontecer quando contava histórias. Ao pé do ouvido, ao redor do caixão, uns com outros conversavam baixinho. De pé, ao lado do morto, com a face voltada para baixo e as palmas das mãos para cima, um senhor movia silenciosamente os lábios, como que a fazer uma oração. Quase centenária, a irmã do falecido, ao canto, com olhos solitários, vermelhos e cansados, recebia abraços e apertos de mão daqueles que dela se aproximavam.
Após o sepultamento, sozinho no caminho de volta, fiquei relembrando histórias antigas a respeito de minha avó, de meu pai e seus irmãos, que me haviam sido contadas há muitos anos pelo falecido. Ao chegar em casa pensei em chamar por telefone minha mãe, ou algum dos meus tios, ou ainda alguém que pudesse se interessar em saber como havia sido aquela partida. Com o celular em mãos dei-me conta de que todos os conhecidos meus que haviam tido, ao longo do tempo, alguma proximidade com o falecido, e que poderiam querer saber como havia sido aquela partida, também já haviam se despedido...