Cabeça Olmeca - Museu de Antropologia da Cidade do México
Foto: arq. pessoal (2011)
Veja bem, meu amigo, como até dentro de sua própria casa procuram enxergar em você detalhes que você nem imagina. Cuidado! Mas... não... não se aborreça com isso. Encare o chiste, a malícia disfarçada, como estímulo para novos devaneios e, se possível, para novas descobertas.
Explico.
Um belo dia eu e minha esposa trafegávamos pelo setor de embaixadas em Brasília. Jogávamos, um com o outro, tentando identificar cada Embaixada pela bandeira hasteada à sua frente. E ríamos, ríamos muito a cada erro ou acerto em nosso jogo.
Em frente à Embaixada do México, ao invés da bandeira, o que nos chamou a atenção e fez com que descêssemos do automóvel para ver de perto, foi uma réplica enorme de escultura de uma cabeça humana. Quadrada no formato, era masculina em seu aspecto geral, com boca enorme e lábios grossos. O nariz, de traços muito fortes, tinha o dorso largo, as narinas arredondadas, e as asas bem abertas.
Contentes e descontraídos naquele passeio, minha esposa, rindo, e em tom de brincadeira, foi logo dizendo que minha cabeça tinha exatamente aquele formato: quadrada; que minha boca era exatamente como aquela: grande; e que meu nariz era tal como aquele: largo e arredondado. Não me preocupei em refutar suas observações. Pelo contrário, achei interessante a comparação, e fiquei curioso em saber o significado e a origem daquela réplica de escultura. Muito provavelmente, por tratar-se da Embaixada do México, e pensando na história daquele país, aquela escultura homenageava as civilizações pré-colombianas que lá se desenvolveram.
Antes dos espanhóis, foram os Astecas e os Maias os habitantes da Mesoamérica. No entanto, antes mesmo dos Maias, antes mesmo dos Astecas, a civilização Olmeca havia se desenvolvido naquela região entre os anos 1.200 e 400 a.C. Dos Olmecas muito pouco se sabe, a não ser que faziam pequenas esculturas em jade, e que esculpiam em pedra cabeças gigantescas com peso calculado em 20 toneladas cada.
Pois naquele momento, alvo de uma brincadeira inofensiva da minha esposa, eu estava no coração do Brasil diante da réplica de uma cabeça Olmeca. Conhecer aquela escultura foi, para mim, um grande estímulo para que eu quisesse conhecer um pouco daquela antiga civilização.
Depois, seguimos nosso passeio.
Foto: arq. pessoal
Contudo, aquela cabeça Olmeca, de uma certa forma, "veio para dentro de minha casa". Quando minha mulher ou os meus filhos, em nossas conversas, julgam antiquados os meus raciocínios, fingem-se conformados em aceitar minhas conclusões dizendo que só teria que ser daquela forma mesmo, pois que a família não pode se esquecer que está diante de um Olmeca.
Anos depois daquela viagem a Brasília, vi-me novamente diante dos Olmecas.
Em viagem à Cidade do México, visitando o Museu de Antropologia, encontrei na saída de uma de suas salas uma daquelas esculturas colossais em pedra, original: a cabeça Olmeca.
Foto: arq. pessoal
Minha esposa vibrou. Ao meu lado, rindo como da primeira vez, afirmou que ali estavam materializados os seus pressentimentos em relação à minha pessoa; que um homem sempre reencontra o seu povo; que eu, portanto, estava diante de um dos meus ancestrais: um Olmeca.
Não sei... Brincadeiras, risos e suposições a parte, eu, neto de libaneses pelo ramo paterno, e bisneto de italianos, pelo materno, de alguma forma fiquei contente por ter visto aquela cabeça esculpida... e muito sensibilizado ao pensar na distância em tempo que existia entre a origem de sua construção, e o dia de minha visita ao Museu.
- "... vai ver os Olmecas estiveram no Oriente Médio e na Europa há muitos e muitos anos... muito antes do imaginável... Nada é impossível nesse mundão de Deus: nem mesmo o levantamento de hipóteses absurdas" - pensei.
Só sei que, na noite daquela visita ao Museu, eu e minha esposa fomos a um bar próximo ao hotel onde estávamos hospedados, e, estimulados por algumas doses de bebida, ficamos debatendo os grandes mistérios da humanidade...
CLIQUE NA SETA PARA CONHECER UM POUCO DOS OLMECAS
https://www.youtube.com/watch?v=yg5C_Pdasug
Caro Elias. Sua inteligência e vivacidade nos surpreende a cada dia. Talvez a etérea herança olmeca seja responsável pela sua criatividade e dinamismo, sem perder a brasileiríssima inspiração.
ResponderExcluirObrigado, Rui, por sua visita ao blog e pelos seus comentários. Grande abraço.
ExcluirSurpreendem.
ResponderExcluirParabéns, Elias! Gostei!!! Aprendi mais uma lição!
ResponderExcluirAgora sempre que ouvir a palavra "Olmeca" vou me lembrar de você e desta sua lição, assim como vou me lembrar do Rui Flávio, quando ouvir o nome de "Geir Campos". Duas grandes lições que aprendi com vocês, esta semana, meus confrades da ARL! Nota MIL!!!
Obrigado, Irene. Vamos aprendendo juntos. Obrigado pela visita ao blog e pelo comentário. Grande abraço.
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