Neste blog publico textos a respeito de livros e artigos que leio, cenas do cotidiano que observo, pensamentos que tenho, e matérias que me fazem sentir que merecem ser relembradas ou relidas de tempos em tempos.
(Em homenagem ao meu amigo Wilson Flávio, no dia de seu aniversário de nascimento, republico um texto postado no meu blog anterior, há dez anos - 13/05/2011)
Há datas que nunca esquecemos. A cada ano, naquele mesmo dia específico, alguma lembrança, algum sentimento sempre nos acompanha. Seja Natal, Ano-Novo, Independência do Brasil, aniversário de parente, amigo, filho, esposa, não importa: cada data que nos é importante inspira uma reflexão e uma expectativa diferente.
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("ODESSA" - do álbum "Odessa" - 1969 - The Bee Gees)
https://www.youtube.com/watch?v=jfp2XeBPb0g
Creio que o dia mais significativo para cada um de nós seja o dia do nosso aniversário de nascimento. Em geral acordamos esperando os cumprimentos dos familiares, dos amigos, das pessoas que gostam da gente. E, além dos cumprimentos que recebemos pessoalmente, também esperamos muito os telefonemas intercalados no dia, aquelas vozes que vêm de longe expressando qualquer coisa pelo simples prazer de falar conosco, de nos trazer uma boa mensagem. Gosto especialmente dos telefonemas não protocolares, daqueles que a gente conversa amenidades, sem medo dos silêncios na fala, independentemente de ser aniversário ou não. Muitas vezes, no dia do meu aniversário, faço o que me agrada: tomo a iniciativa, ligo para as pessoas de quem gosto, e digo que é só para conversar, sem mencionar a data. E, se me felicitam, ótimo!; se não o fazem, não tem importância, pois a simples existência dessas pessoas faz bons os meus dias.
Hoje, especificamente, é uma dessas datas que me são importantes: dezoito de maio, dia do aniversário do meu amigo Wilson Flávio. Não sei quantos anos ele faz, mas isso não importa. Nem sei direito onde ele está morando, e nunca o encontro quando ligo para ele porque o número de seu telefone está sempre sendo alterado. Mas isso também não importa. O que me importa é que toda vez que o vejo nos abraçamos com a mesma amizade de sempre e conversamos assuntos inesgotáveis, como se tivéssemos apenas dado uma pequena pausa no tema de nossa conversa anterior.
Aos meus amigos, parentes, conhecidos e desconhecidos, humildemente peço: se virem o Wilson Flávio - o "Big Boy" -, digam a ele que sua amizade me é importante, e que eu o abraço no seu dia com o mesmo carinho e consideração de sempre.
Hoje, treze de maio, estaríamos comemorando o 108º aniversário de nascimento do Juan. Ao me lembrar dele reli uma biografia sua que se encontra nos arquivos da Câmara Municipal de Guará, e da qual, a pedido, uma cópia me foi enviada muito gentilmente pelo meu amigo Cesinha. Não consta, na biografia, o nome de seu autor. Esta biografia foi juntada a um projeto de Decreto-Legislativo, o qual resultou na concessão do título de "Cidadão Guaraense" ao Juan, em março de 2008.
Juan, casado em segundas núpcias com minha mãe, faleceu em Guará, SP, aos 96 anos de idade, no dia primeiro de maio de 2009.
A seguir transcrevo, literalmente, a biografia apresentada em 2008.
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Arturo Gatica - Silencio (Gardel, Lepera e Pettrorossi
https://www.youtube.com/watch?v=LKCmjP8VLAg
"O pintor e escultor Juan Rocasalbas
Tura, dentro de sua trajetória artística desde a sua infância, a primeira idade
de estudos na Espanha, até seu desenvolvimento posterior na Argentina, representa
uma expressão peculiar, de amplas experiências plásticas no mural, nos monumentos
públicos, na estátua e no quadro.
"Juan Rocasalbas é herdeiro de uma larga tradição artística europeia.
"Ele
nasceu numa região da Espanha, a Catalunha, no Nordeste da Península Ibérica,
na qual as influências dos estilos tradicionais do romântico, do gótico, do
barroco, conjuntamente com uma mente muito pesquisadora e atualizada,
representada por nomes como Picasso, Nomell, Miró, Tapies e muitos outros que
nasceram e cresceram na Catalunha, fazem de um ser com inquietude artística, um
predestinado ao ecumenismo mediterrâneo, pleno das aportações gregas, romanas,
bizantinas e também propicia sua ligação intelectual com os restantes países da
Europa, pela proximidade da Catalunha com a fronteira da França, Suíça e
Itália.
"Com
uma vida intensa de obras gigantescas, nestes últimos anos, Juan deseja um repouso
e uma reconsideração de suas atividades.
"Em
1980 muda-se para Guará, uma pequena cidade no norte do Estado de São Paulo,
junto com sua senhora, natural da região, e divide seu tempo com longas
estadias em seu apartamento em Buenos Aires, junto a famosa Rua Corrientes, e
aos poucos recomeça uma nova etapa de forma modesta, e quase incógnita.
"Retorna
à pintura, desta vez com as paisagens da Alta-Mogiana, seus tipos e cores.
"Faz
escultura isolada e, mais que nada, volta a pesquisar uma nova fase, numa
homenagem a sua vida atual, resolvendo a verdade de uma obra plástica acumulada
em tantos anos. Em obras tranquilas, de autossatisfação inegável, inspirada na
madura contemplação, e com a clara imagem de sua atividade não sujeita a
pressas, a viagens cansativas, exaustivas.
"Agora,
este espanhol-argentino-brasileiro, convertido por tantos trabalhos e
experiências, obtém o melhor ganho, o carinho e a amizade de todos que o
cercam, apreciadores de sua arte, recolhendo na magia das cores serenas de seus
quadros, a verdade do seu entorno e sua vida.
"É
ainda de se esperar de Juan Rocasalbas Tura surpresas, revelações para a arte
brasileira, já que se espera dele que comece seu ciclo de exposições.
"Já sem pressa, mas também sem pausa, como no famoso lema de Goethe, Juan
Rocasalbas Tura vai nos transmitindo suas verdades plásticas, sempre renovadas
e eternas.
"Juan
Rocasalbas Tura nasceu no dia 13 de maio de 1913, na pequena cidade de San
Feliu de Codinas, perto de Barcelona, na Espanha. Foram seus pais: Francisco
Rocasalbas e Natividade Tura.
"Desde
criança desenhava paisagens de sua Catalunha natal, os campos, os pastos, os
animais, os caminhos que o levavam à escola, às vezes alertado pelo professor
para dar mais atenção às lições, pois o desenho fazia com que se esquecesse até do
lugar onde se encontrava, enchendo páginas e mais páginas dos cadernos de
deveres com rabiscos ainda incipientes, mas já cheios de verdade, de um traço
firme e uma atenção de especial caráter de sua região.
"Depois
de alguns anos chegou a ser autorizado por seus pais a frequentar cursos livres
da escola Masana, em Barcelona, de longa tradição nas artes plásticas catalanas.
"Logo
então definiu suas preferências de tons de cores quentes misturadas com sentimentos
e que até hoje domina suas paisagens.
"Juan
estudou por pouco tempo e partiu com seus pais para a florescente República Argentina.
Era o ano de 1931, e Buenos Aires já, naquela época, era uma referência
cultural máxima dentro da América do Sul.
"Uma
imigração intensa, de bom nível social e de uma grande comunidade de trabalho,
tinha criado um país praticamente sem analfabetismo, onde as ciências e as
artes, junto com uma agricultura, comércio e indústria de grande importância,
começavam a espalhar sua influência e presença pelo mundo. O jovem Juan se
integrou imediatamente naquele ambiente.
"Ao
mesmo tempo que ajuda seus pais nos negócios da família, que prosperava junto
seu país de adoção, no comércio e em atividades imobiliárias, pinta paisagens, doando seus trabalhos à família e amigos.
"Em
1942 casa-se com Esther Amestov, filha de franceses, que o incentivou a
continuar seus estudos artísticos. Muitos anos depois, em 1952, parte com sua
esposa e duas filhas - Alícia e Cristina – para o Brasil, chegando ao Rio de
Janeiro. Alterna suas atividades comerciais e serviçais introduzindo na cidade
os primeiros sistemas modernos de alarmes contra roubo, sempre acompanhando e
participando dos movimentos artísticos da época, e vai captando o ambiente
plástico brasileiro, introduzindo em suas obras alguns elementos, cores e
formas tropicais, uma maior exuberância e uma certa animação colorida, ainda
que sempre teve sua preferência cromática que o acompanharia até
nas obras atuais.
"Nessa
época, torna-se amigo de um jovem artista espanhol, Julio Espinosa, recém
chegado ao Rio de Janeiro, e com quem começa a executar diversos murais, em
pintura e escultura, para o Sindicato dos Aeroviários, Vogue, Olga e outras
empresas comerciais.
"Juan
Rocasalbas acompanha este trabalho e se contagia do gosto pelos grandes
espaços.
"Executa,
já naqueles anos cinquenta, vários trabalhos com Julio Espinosa no Brasil e no
exterior. Alguns anos depois Julio volta para a Espanha e Juan fixa-se
novamente em Buenos Aires, com atividades artísticas, mas já com a
característica dos grandes espaços.
"Em
1972 Juan faz uma viagem à Europa encontrando-se com Julio Espinosa em Madri,
na Espanha, incentivando-o a voltar ao Brasil, sendo que nove meses depois Juan
e Julio estariam novamente juntos, agora em uma fase de muito êxito não só no
Brasil, como também no exterior.
"Em
1976 faleceu sua esposa Esther, e Juan continua seus trabalhos por mais quatro
anos, para finalmente tomar novos rumos.
"Em
11 de setembro de 1980 casou-se novamente com Therezinha Deise Prado Antônio,
que o incentivou a realizar novos trabalhos.
"Juan
Rocasalbas Tura fez muitos quadros que foram presenteados a todos de sua
família e a vários amigos, mas seu sustento estava nos murais e esculturas.
Somente no Rio de Janeiro estão mais de 50 grandes obras, como na Caixa Econômica
Federal na Av. Barão do Rio Branco, a ECT da Av. Presidente Vargas, com murais
de mil metros, as obras do Banco do Brasil, Banerj, o shopping da Gávea,
Shopping Vanesa do Leblon, sede da Loteria Federal, Igreja de São Judas Tadeu
de Niteroi, e grandes edifícios nas construtoras João Fortes, Moura Matta,
Valparaiso, Concal etc.
"Fora
do Rio de Janeiro, obras como ECT de Brasília, Grandes Edifícios de São
Paulo, e mais uma grande quantidade de prédios nesta e em outras cidades têm a
marca do grande artista.
"Muitos
trabalhos e técnicas foram levados a Nova Iorque, com os murais de Park Avenue
do Banco Comind de São Paulo, do Banco Interseco de Panama, com obras inéditas
neste país com até 28 murais num só edifício, e um dos maiores monumentos, com
14 metros de altura, do Panamá, num gigantesco relógio-escultura.
"Depois
volta à Europa, passando pela terra natal onde pinta paisagens de San Feliu de
Codinas, dedicando e doando seus trabalhos aos seus conterrâneos que havia
muito não encontrava.
"Hoje
Juan passa horas pintando e dedicando-se a suas novas amizades e a seu novo lar
– Guará. Contudo, tem plena consciência de que jamais teria chegado ao que é se
não tivesse tido contato, com auxílio de amigos, como o grande pintor e
escultor Julio Espinosa, não só melhorando seus conhecimentos, como também tendo recebido dele as maiores atenções e os melhores conselhos, e também do
pintor surrealista José Américo Nogueira, fica rendido o reconhecimento de
Juan Rocasalbas Tura."
("Flores para as mães" - entrada de um supermercado, véspera do dia das mães - foto: acervo pessoal)
Oi, mãe.
Passei pelo supermercado há pouco e o vi colorido de flores. Achei muito bonito todas aquelas cores alegrando o movimento das pessoas. Em especial gostei de observar gente de todas as idades: algumas delas levando uma flor em um vasinho envolto por um arranjo muito bem feito. Como hoje é comemorado o Dia das Mães, fiquei pensando no sorriso que um pequeno gesto de entrega de uma flor pode fazer nascer no rosto de uma mãe que a recebe.
Essa pequena observação, transcorrida em um curto lapso de tempo, me fez acreditar que, para os filhos, mãe não tem idade. O tempo das mães, para os filhos, é administrado pelas próprias mães; é medido pelos sorrisos que elas são capazes de dar e pela alegria que demonstram ter.
(CLIQUE NA SETA PARA ASSISTIR O VÍDEO)
(Luciano Pavarotti - "Mamma", de Bixio)
Então, mãe, vai aí um supermercado inteiro de flores. Sua face e sua alma rejuvenescem a cada sorriso que dá. Eu e minha irmã ficaríamos muito contentes em ver um sorriso seu por cada uma dessas flores. Pelo seu Dia - o das Mães -, te oferecemos todas elas. Agradecidos por tudo, retribuímos da mesma forma: com todos os sorrisos de alegria por tê-la conosco.
Um beijo meu.
("Minha mãe na sala de visitas de sua casa" - foto: acervo pessoal)