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quarta-feira, 5 de outubro de 2022

OS 34 ANOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988


    Resultado de uma Assembleia Nacional Constituinte, no dia cinco de outubro de 1988, há 34 anos portanto, a sétima Constituição do Brasil foi promulgada. Esta Constituição pôs fim à Constituição imediatamente anterior, a de 1967, Emendada em 1969, a qual havia sido outorgada (sem legitimidade; elaborada sem a participação dos representantes do povo; imposta).

    Nesses 34 anos de vigência, a Constituição de 1988 resistiu a tempestades e deu respaldo e orientação para decisões extremamente marcantes em nossa história. Além de dispor sobre a organização do Estado, do exercício do poder, dos direitos e garantias fundamentais, da composição e funcionamento de suas instituições, ela cuida, inclusive, a respeito dos mecanismos procedimentais para a promoção de alteração de seus próprios dispositivos. Ela é e tem sido, seguramente, a guardiã do Estado de Direito. 

    O funcionamento das instituições democráticas, sem interferências espúrias, e a preservação do pleno equilíbrio entre os três Poderes, parecem-me ser as joias mais preciosas a serem preservadas nesta Constituição.

    Em outros tempos, e por outras terras, tristes foram os descaminhos das nações conduzidas por Mussolini, Salazar, Franco, e tantos outros - além, é claro, por aqui, dos não menos tristes descaminhos maquiados de potência por vinte e um anos.

    Na vigência da Constituição ilegítima de 1967, e sob olhos amedrontados de uma nação intimidada, o atropelo na escolha de representantes, o desrespeito à diversidade e a institucionalização da tortura foram aplaudidos em cerimônias públicas (1).

    Antes, sob o manto da Constituição de 1937 também outorgada (imposta), o Estado federal tornou-se unitário; dissolveu-se: a isso, a cerimônia da queima das bandeiras, solenemente aplaudida e registrada em vídeo, evidencia.

Estado Novo: queima das bandeiras estaduais (1938)
https://www.youtube.com/watch?v=jzu_7hT45bU

    Voltando os olhos para o passado e analisando o presente, parece-me que, com o Legislativo que desenhou-se domado, o Executivo, de garras expostas, tende a promover a ingerência na organização dos Poderes, desmontando ou reformatando o Judiciário, reescrevendo a Constituição a seu bel-prazer, repetindo a queima das bandeiras estaduais, e promovendo um adestramento coletivo por todos os cantos do país.

    Neste cinco de outubro, ao celebrarmos os 34 anos da Constituição Federal de 1988, abro a janela de minha sala de trabalho com a estranha sensação de estar avistando nuvens negras no horizonte...

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(1) Cerimônia de Formatura da Guarda Rural Indígena, criada em 1969  https://www.youtube.com/watch?v=w5imv95KVOk&t=170s 


terça-feira, 4 de outubro de 2022

CRAZY[1]


(CLIQUE NA SETA PARA OUVIR)
("Crazy" - Patsy Cline)

  

Uma das estações de rádio que gosto de ouvir enquanto estou trabalhando pelo computador chama-se SKY.FM-OLDIES[2]. Tem um bom astral. Em sua programação estão as músicas populares norte-americanas que fizeram sucesso de 1960 até há poucos anos. Toca Beatles, Simon & Garfunkel, Judy Collins, Cat Stevens, The Mamas & The Papas, John Denver, Frankie Valli and The Four Seasons, Johnny Rivers, e por aí vai. Agora há pouco puseram para tocar “Crazy”, sucesso de Patsy Cline.

Gostei de “Crazy” desde a primeira vez que a ouvi na trilha sonora de um filme. Logo depois da sessão de cinema saí em busca do disco para poder ouvir “Crazy” sempre que quisesse. Eu a cantava, e ainda a canto em casa, acompanhando-me ao violão.

Julio Iglesias também gravou “Crazy” em seu disco de mesmo nome (Columbia, 1994) – e fez muito sucesso. Como nunca estive muito atento às suas gravações, só agora descobri que “Crazy” também foi um dos temas da trilha sonora da telenovela “A Viagem”, da rede Globo (Dir.: Ivani Ribeiro, 1994).

Do gênero country, “Crazy” foi composta por Willie Nelson em 1961. Foi também um dos temas do filme “O destino mudou sua vida”[3] - sobre a vida de Loretta Lynn, uma grande cantora norte-americana, amiga de Patsy Cline. É um belíssimo filme que gosto de rever.

Patsy Cline morreu em um acidente de avião, em março de 1963, aos 30 anos de idade. Sua gravação de "Crazy", em 1962, fez muito sucesso nos Estados Unidos. Gosto das duas gravações, a da Patsy Cline e a do Julio Iglesias. Contudo, gosto em especial da gravação de Beverly D'Angelo, que é a gravação que foi escolhida para a trilha sonora do filme.

Mas como toda história de vida é única, todo artista coloca muito de si mesmo nas gravações que faz. Tanto a história da Patsy Clyne quanto da Loretta Lynn - e do Julio Iglesias - são interessantes. Cada história traduz um estilo de vida ilustrando os traços de um tempo. E nós, ao ouvirmos essas gravações, inevitavelmente somos levados a nos perguntar:

- "Qual delas é melhor? qual traduz com maior coerência a emoção da música refletida no estilo de vida pessoal transmitido pelo artista?"

Talvez a resposta a essas perguntas esteja na combinação do nosso perfil pessoal com as imagens que cada interpretação suscita...ou então, pensando bem, não há gravação melhor ou pior, mais ou menos coerente: cada uma, assim como cada um de nós, tem a beleza (e a loucura) própria de seu tempo.

 

(Capa da disco da trilha sonora do filme. Na imagem, Loretta, a personagem da Sissy Spacek - em: http://theband.hiof.no/band_pictures/coal_miners_daughter.jpg)


 

26/março/2014



[1] Tradução: Louco/a

[2] https://www.radiotunes.com/oldies

[3] Coal Miner’s daughter” (título original) - (Michael Apted, 1980)