"Os Afro-Sambas" - Capa do disco
Quando fiz o curso de Direito Processual do Trabalho, na graduação em Direito, o professor indicou como fonte de estudos um livro de sua autoria. Mencionou que havia uma outra obra, de um jurista chamado Carlos Coqueijo Torreão da Costa, que também poderia servir como fonte de estudos. Eu, assim como todos os demais alunos, fui levado a estudar exclusivamente pela obra do professor - que era um jurista renomado, porém muito moldado e presunçoso - a meu ver. Se eu soubesse que Coqueijo Costa*, além de compositor e multi-instrumentista, era amigo do Vinícius de Moraes, do Carlos Drummond, do Jorge Amado, e de tantos outros brasileiros que admiro, sem dúvida nenhuma teria optado por estudar em seu livro. Ele me parecia, no mínimo, uma pessoa interessante e universal. Talvez, por intermédio dele, eu pudesse ter adquirido alguma simpatia pelo ramo trabalhista do Direito.
(CLIQUE NA SETA PARA OUVIR ENQUANTO LÊ)
("Canto de Iemanjá", de Baden e Vinícius - Vinícius, Baden, Dulce Nunes, Quarteto em Cy)
Carlos Coqueijo era baiano. Certa vez presenteou seu amigo Vinicius de Moraes com um disco que trazia gravações de sambas de roda da Bahia, pontos de candomblé e toques de berimbau. Vinícius, fascinado com o presente, mostrou-o a Baden Powell; o Baden, então, pessoalmente, foi conhecer os cantos do candomblé baiano. Encantados e inspirados por aqueles sons e por aquela cultura, Vinícius e Baden, em 1966, compuseram as oito músicas abaixo relacionadas, as quais foram gravadas em um disco chamado os "Afro Sambas":
Canto de Ossanha
Canto de Xangô
Bocoché
Canto de Iemanjá
Tempo de Amor
Canto do Caboclo Pedra-Preta
Tristeza e Solidão
Lamento de Exu
Misturando instrumentos típicos do candomblé (atabaque, bongô, agogô, chocalho e afoxé) com instrumentos da música tradicional (flauta, violão, sax, bateria e contrabaixo), Vinícius e Baden introduziram elementos de religiosidade e cultura africanas à música brasileira.
Pelo que esse disco representa em termos sonoros, culturais, e de sincretismo da África com o Brasil, tornou-se um clássico antológico.
Sempre que eu o coloco para ouvir, fico com a sensação de estar invocando a presença de orixás, e fazendo a eles as minhas oferendas em um terreiro de candomblé... Mas também me lembro da opção de livro que fiz no curso de Direito Processual do Trabalho.
No mínimo, pelas imagens que a sonoridade das músicas gravadas cria, vale a pena conhecer e viajar nos Afro-Sambas.
- Saravá**!
Pelo que esse disco representa em termos sonoros, culturais, e de sincretismo da África com o Brasil, tornou-se um clássico antológico.
Sempre que eu o coloco para ouvir, fico com a sensação de estar invocando a presença de orixás, e fazendo a eles as minhas oferendas em um terreiro de candomblé... Mas também me lembro da opção de livro que fiz no curso de Direito Processual do Trabalho.
No mínimo, pelas imagens que a sonoridade das músicas gravadas cria, vale a pena conhecer e viajar nos Afro-Sambas.
- Saravá**!
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*Carlos Coqueijo Torreão da Costa (1924/1988) foi jurista, compositor, maestro, jornalista, poeta, letrista, homem de teatro, cronista e cantor. Nasceu e morreu em Salvador (BA). Foi ministro do TST.
**SARAVÁ = (Houaiss) saudação que significa "salve", "viva". Etimologia: forma como os escravos pronunciavam a palavra portuguesa "salvar". Em estudos de umbanda significa "a força que movimenta a natureza".
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