(CLIQUE PARA OUVIR ENQUANTO LÊ
E PARA ASSISTIR EM SEGUIDA - letra no final)
(Mercedes Sosa - "Todo cambia", de Julio Numhauser - chileno)
https://www.youtube.com/watch?v=0khKL3tTOTs(publicado em 13/julho/2016)
"Tantas veces me mataron,
tantas veces me mori
Sin embargo estoy aqui
resucitando"
(da letra de "Como la cigarra"*)
Há uns oito ou dez anos, por aí, vi a notícia de que a Mercedes Sosa viria a São Paulo para um show no "Via Funchal". Como as músicas por ela gravadas, assim como as gravadas pelo Chico Buarque, pela Billie Holiday, e pelo John Lennon fizeram parte do despertar dos meus valores, convidei meu sobrinho para juntos irmos vê-la. A oportunidade era única. Providenciei o ingresso, peguei um ônibus, e depois de 300 quilômetros de estrada, com meu sobrinho, saímos para o show.
(Mercedes Sosa - fonte: http://www.substantivoplural.com.br/mercedes-sosa-naquela-tarde/)
Em um auditório enorme, lotado, amparada por duas pessoas e ainda apoiando-se em uma bengala, “La Negra”** entrou no palco. Sentou-se, sorriu, e abriu sua apresentação com “Como la cigarra” - uma música que fala de solidariedade e renascimento - do renascimento que ela parecia experimentar a cada vez que começava a cantar.
Apesar das limitações físicas, a voz era a mesma que me havia ensinado a admirá-la. Na força e na docilidade de seu canto ainda estavam presentes, ideologicamente, uma arma para lutar pela vida e um ramalhete de flores para agradecer por tudo. A medida que as músicas iam sendo apresentadas eu cantava mentalmente com ela tudo o que conhecia: "Gracias a la vida", "Todo Cambia", "Ay este azul", "Alfonsina y el mar", "Solo le pido a Dios"... e muitas, muitas outras. Foram duas horas inesquecíveis.
(Ingresso para o show - foto: arq. pessoal)
Apesar das limitações físicas, a voz era a mesma que me havia ensinado a admirá-la. Na força e na docilidade de seu canto ainda estavam presentes, ideologicamente, uma arma para lutar pela vida e um ramalhete de flores para agradecer por tudo. A medida que as músicas iam sendo apresentadas eu cantava mentalmente com ela tudo o que conhecia: "Gracias a la vida", "Todo Cambia", "Ay este azul", "Alfonsina y el mar", "Solo le pido a Dios"... e muitas, muitas outras. Foram duas horas inesquecíveis.
No ano seguinte àquele show ela foi embora. Partiu para sempre. Ficaram a voz, a lembrança daquela noite, e as lições de solidariedade e beleza contidas nas letras das músicas por ela gravadas... e que eu costumava ouvir sob uma luz minguada de uma república de estudantes, no final dos anos 70.
Todo Cambia Cambia lo superficial Cambia también lo profundo Cambia el modo de pensar Cambia todo en este mundo Cambia el clima con los años Cambia el pastor su rebaño Y así como todo cambia Que yo cambie no es extraño Cambia el más fino brillante De mano en mano su brillo Cambia el nido el pajarillo Cambia el sentir un amante Cambia el rumbo el caminante Aúnque esto le cause daño Y así como todo cambia Que yo cambie no es extraño Cambia, todo cambia Cambia, todo cambia Cambia, todo cambia Cambia, todo cambia Cambia el sol en su carrera Cuando la noche subsiste Cambia la planta y se viste De verde en la primavera Cambia el pelaje la fiera Cambia el cabello el anciano Y así como todo cambia Que yo cambie no es extraño Pero no cambia mi amor Por más lejo que me encuentre Ni el recuerdo ni el dolor De mi pueblo y de mi gente Lo que cambió ayer Tendrá que cambiar mañana Así como cambio yo En esta tierra lejana Cambia, todo cambia Cambia, todo cambia Cambia, todo cambia Cambia, todo cambia Pero no cambia mi amor | Tudo Muda Muda o superficial Muda também o profundo Muda o modo de pensar Muda tudo neste mundo Muda o clima com os anos Muda o pastor e seu rebanho E assim como tudo muda Que eu mude não é estranho Muda o mais fino brilhante De mão em mão seu brilho Muda o ninho o pássaro Muda a sensação de um amante Muda o rumo o andarilho Ainda que isto lhe cause dano E assim como tudo muda Que eu mude não é estranho Muda tudo muda Muda tudo muda Muda tudo muda Muda tudo muda Muda o sol em sua corrida Quando a noite o substitui Muda a planta e se veste De verde na primavera Muda a pelagem a fera Muda o cabelo o ancião E assim como tudo muda Que eu mude não é estranho Mas não muda meu amor Por mais distante que eu me encontre Nem a recordação nem a dor De meu povo e de minha gente O que mudou ontem Terá que mudar amanhã Assim como eu mudo Nesta terra tão longínqua Muda tudo muda Muda tudo muda Muda tudo muda Muda tudo muda Mas não muda meu amor... |
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*"Como la cigarra" (de Maria Elena Walsh - poetisa, musicista e escritora argentina): tantas vezes me mataram, tantas vezes me deixei morrer, no entanto estou aqui, renascendo.
**La Negra - apelido carinhoso dado à Mercedes Sosa.
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