O que faria uma pessoa inteligente que estivesse chegando no Brasil em 1898, dois anos do final do século XIX, com um cinematógrafo em mãos? E se essa pessoa, com esse cinematógrafo em mãos, estivesse adentrando a Baia de Guanabara a bordo de um navio? E se fosse um dia ensolarado? Diante de tanto estímulo visual, para onde essa pessoa direcionaria seu olhar? A Oeste veria a cidade do Rio de Janeiro; a Leste, Niterói; ao Norte, a Ilha do Governador... E ali, diante de seus olhos, o Pão de Açúcar e o Morro da Urca. Para não se esquecer de nada...
Então!
Foi isso mesmo que essa pessoa, chamada Afonso Segreto, fez: a partir do navio no qual viajava, vindo da Europa, registrou em imagens que se moviam a entrada na Baia de Guanabara. Era o dia 19 de junho de 1898. Apesar de algumas controvérsias, as imagens que captou naquele dia são consideradas as primeiras imagens cinematográficas tomadas no Brasil.
A partir daí o cinema brasileiro foi montado e projetado sob ideias e propósitos diversos: do cinema mudo passamos aos "posados" e "cantados", adaptamos textos literários para as telas; por diversos cantos do Brasil pensamos e trabalhamos o cinema (ciclos regionais); projetamos nas telas as chanchadas; expusemos nossa realidade no "cinema novo"; zombamos de tudo e de todos no "cinema marginal"; apelamos para a pornochanchada; e depois de um período de grandes dificuldades, voltamos a insistir com o cinema nacional para, no presente, nos encontrarmos jogados no fundo de um abismo.
Mas... resistimos! Há mentes brilhantes e cineastas geniais no Brasil. Pela telona, e com o estímulo do Estado, o nosso povo, as nossas paisagens e a nossa cultura podem correr mundo. Somos o país que queremos fazer - ou que pelo menos tentamos.
Nesse 19 de junho, as nossas homenagens ao cinema brasileiro.