Oliver Hardy e Stan Laurel (O Gordo e o Magro)
Lá em casa, quando conversamos a respeito de alguém que tenha um estilo marcante, uma personalidade diferenciada, inesquecível, independente de ser voltada para o bem ou para o mal, exclamamos: "Que figura!" - ou seja, "que pessoa, ou que personagem peculiar!".
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Maria Bethânia - "Brincar de viver" (Guilherme Arantes e Jon Lucien)
Na minha terra natal havia muita gente assim. Lembro-me de um senhor que trajava suspensórios e usava chapéu; que sempre tinha em seu bolso uma pequena caderneta na qual fazia anotações a respeito do que observava: "figura rara!" Havia também uma senhora que se alcoolizava e saía pelas ruas a proferir palestras que terminavam sempre com a mesma exclamação: "Psicologia!". Ganhou, evidentemente, dos meninos que a observavam, o apelido de "Psicologia": "que figura!"
No cinema, muitos deixaram suas marcas: o Hannibal Lecter, em "O Silêncio dos Inocentes"; o Forrest Gump, em "Forrest Gump"; o Carlitos, personificado pelo Charlie Chaplin; o Zé do Caixão e tantos outros: "que figuras!"
Na música? O Elton John, com sua coleção de óculos; o Michael Jackson, cheio de cuidados; o Waldick Soriano em seu terno escuro, óculos escuros, chapéu preto: "que grandes figuras!"
Lembra-se do Grande Otelo, da Wilza Carla, do Cauby Peixoto, do Jô Soares, da Aracy de Almeida, do Sílvio Santos? Criaram, cada um ao seu modo, um estilo próprio, "cheios de personalidade". O jornalista Ibrahim Sued, os estilistas Dener e Clodovil: "que figuraças!"
Na política, o Jânio Quadros, meio maluco; o imperador Pedro II, com seu ar circunspecto; o Getúlio Vargas, baixinho, terno, charuto, chapéu...: "figuras!"
Na ciência, que tal o Einstein? - "Figuraça!"
No futebol, o Sócrates, magro, boêmio, estilo intelectual; o Garrincha, "meninão", ingênuo, alegre... : "figuras!"
Com tanta personalidade marcante espalhada pelo mundo, e em todos os tempos, aquieto-me em casa querendo crer que esteja longe do coronavírus, para simplesmente seguir vivendo... e pensando. Imagino que poderá haver um dia, em um futuro muito distante, que um ou outro ser, casualmente poderá se lembrar de mim. E ao me ver em suas lembranças, poderá ser capaz de esboçar um sorriso no rosto e exclamar: "não foi nenhuma 'figura marcante'... mas, que sujeito! falava baixo, devagar, ficava quieto, gostava de ouvir, procurava entender, e costumava dizer que, no fim das contas, não entendia nada... a respeito de nada."
...tão modesto, sabia ser amigo e mais do que ninguém sussurrar cantando e tocando violão e como tocava bem, na alma da gente...peça rara!
ResponderExcluirEita, Salviano! Obrigado! E um abração.
ExcluirPego emprestado um trecho do Salviano Santos,"como tocava bem na alma da gente...", assim é você meu amigo, uma pessoas que com seu jeito calmo e tímido nos marca com seu jeito peculiar de ser e de escrever...tudo que escreve nos marca.
ResponderExcluirObrigado, Maris. Bondade sua. Um abraço.
Excluir"não foi nenhuma 'figura marcante'... mas, que sujeito! falava baixo, devagar, ficava quieto, gostava de ouvir, procurava entender, e costumava dizer que, no fim das contas, não entendia nada... a respeito de nada." Elias - Gostei!!! Nota MIL!!!
ResponderExcluirFico contente que tenha gostado, Irene. Seja sempre bem vinda ao blog. Um abraço.
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