Minha amiga Márcia me enviou um vídeo, via whatsapp. Gostei bastante. Por intermédio dele vejo a cidade de Paris homenageando, nas estruturas da Torre Eiffel, os profissionais da saúde que estão nas frentes de batalha contra o coronavírus.
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Torre Eiffel - reabertura com homenagem
Acompanhando as diversas músicas de fundo que se sucedem na homenagem, em um determinado momento a sequência de luzes acesas sugere o rolar de lágrimas em uma face - retrato fiel do sofrimento que toda a humanidade está suportando, enquanto não encontra a cura definitiva para o coronavírus.
Já quase no final do vídeo que recebi, a música que acompanha a dança das luzes é "Lili Marlene".
- Mas... "Lili Marlene"? Por que a escolha de uma canção alemã que lembra a França ocupada durante a Segunda Guerra Mundial?
E fiquei pensando... Escrita em 1938 pelo professor, poeta e soldado alemão Hans Leip, depois musicada por Norbert Schultze, a lembrança dessa canção alemã, pela organização do evento, foi muito oportuna. Durante a Segunda Guerra Mundial ela costumava ser tocada muitas vezes em uma estação de rádio (a Rádio Belgrado), que era sintonizada em toda a Europa - inclusive nas trincheiras, por soldados tanto alemães quanto aliados.
- Mas... "Lili Marlene"? Por que a escolha de uma canção alemã que lembra a França ocupada durante a Segunda Guerra Mundial?
E fiquei pensando... Escrita em 1938 pelo professor, poeta e soldado alemão Hans Leip, depois musicada por Norbert Schultze, a lembrança dessa canção alemã, pela organização do evento, foi muito oportuna. Durante a Segunda Guerra Mundial ela costumava ser tocada muitas vezes em uma estação de rádio (a Rádio Belgrado), que era sintonizada em toda a Europa - inclusive nas trincheiras, por soldados tanto alemães quanto aliados.
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Marlene Dietrich - "Lili Marlene" (Hans Leip/Norbert Schultze)
Ao ser ouvida, a canção, um tanto quanto melancólica, enternecia os soldados de ambos os lados, de tal forma a causar momentos de cessar fogo enquanto era transmitida.
"Lili Marlene" conta a história de um soldado alemão que costumava fazer guarda em frente ao portão de um quartel, sob a luz de um lampião, e que depois foi lutar na Guerra. Nas trincheiras do campo de batalha, ao ouvir "Lili Marlene", ele se recordava de seus encontros com sua amiga* Lili Marlene em frente àquele portão, sob a luz do lampião. E ao ouvi-la, ele ficava se perguntando se voltaria algum dia, e se poderia reencontrá-la sob a luz daquele lampião.
É interessante pensarmos que os franceses, que tiveram parte de seu território ocupado por tropas nazistas, escolheram, dentre algumas, uma canção alemã para prestar a homenagem. Mas é mais interessante ainda podermos compreender que, independentemente da origem da canção, a humanidade toda pode se irmanar por um propósito que vai além de rivalidades ou fronteiras físicas.
É interessante pensarmos que os franceses, que tiveram parte de seu território ocupado por tropas nazistas, escolheram, dentre algumas, uma canção alemã para prestar a homenagem. Mas é mais interessante ainda podermos compreender que, independentemente da origem da canção, a humanidade toda pode se irmanar por um propósito que vai além de rivalidades ou fronteiras físicas.
Lili Marleen Statue (Münster, Alemanha)
E foi pela esperança de volta daquele soldado, de seu retorno às coisas simples, aos pequenos encontros, que "Lili Marlene", apresentada como fundo musical para a homenagem na Torre Eiffel, teve um grande significado simbólico: representou a lembrança não só daquele soldado entrincheirado e enternecido em um campo de batalha, durante a Segunda Guerra Mundial, mas também a esperança de toda a humanidade na luta contra o vírus da covid-19.
LILI MARLEEN
(Hans Leip/Norbert Schultze)
1. Von der Kaserne
Vor dem großen Tor
Stand eine Laterne
Und steht sie noch davor
So woll'n wir uns da wieder seh'n
Bei der Laterne wollen wir steh'n
Wie einst Lili Marleen
2. Unsere beide Schatten
Sah'n wie einer aus
Daß wir so lieb uns hatten
Das sah man gleich daraus
Und alle Leute soll'n es seh'n
Wenn wir bei der Laterne steh'n
Wie einst Lili Marleen
3. Schon rief der Posten,
Sie blasen Zapfenstreich
Das kann drei Tage kosten
Kam'rad, ich komm sogleich
Da sagten wir auf Wiedersehen
Wie gerne wollt ich mit dir geh'n
Mit dir Lili Marleen
4. Deine Schritte kennt sie,
Deinen zieren Gang
Alle Abend brennt sie,
Doch mich vergaß sie lang
Und sollte mir ein Leids gescheh'n
Wer wird bei der Laterne stehen
Mit dir Lili Marleen?
5. Aus dem stillen Räume,
Aus der Erde Grund
Hebt mich wie im Träume
Dein verliebter Mund
Wenn sich die späten Nebel drehn
Werd' ich bei der Laterne steh'n
Wie einst Lili Marleen
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LILI MARLENE
Na frente da caserna
Defronte ao grande
portão
Há uma lanterna
(poste)
E ainda continua lá
Assim queremos nos ver
novamente
Perto da lanterna
queremos estar
Como antigamente Lili
Marleen
As nossas duas sombras
Pareciam uma só
Que nos amávamos muito
Qualquer um via logo
E todas as pessoas
precisam vê-lo
Quando nós nos
encontramos perto da lanterna
Como antigamente Lili
Marleen
Logo chamou a
sentinela
Com um toque como um
golpe
Isto pode lhe custar
três dias
Camarada eu vou
imediatamente
Então dizíamos até
breve
Como eu gostaria de ir
contigo
Contigo Lili Marleen
Teus passos ela (a
lanterna) conhece
O teu lindo caminhar
Toda a noite ela se
acende
Mas de mim esqueceu-se
por longo tempo
E se me acomete uma
amargura
Quem estará junto a
lanterna
Contigo Lili Marleen
Dos quartos
silenciosos
Como surgido do chão
Ergue-me como num
sonho
A tua boca apaixonada
E quando as nuvens
tardias se moverem
Eu estarei junto a
lanterna
Como antigamente Lili
Marleen.
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A história envolvendo essa música e a primeira cantora a gravá-la, Lale Andersen**, é contada no filme "Lili Marlene"*** - disponibilizado no youtube. Vale a pena conferir. É um dos filmes que costumo rever.
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*Na verdade, na biografia de Heins Leip, conta-se que eram duas amigas: Lili e Marlene
*Na verdade, na biografia de Heins Leip, conta-se que eram duas amigas: Lili e Marlene
**Lale Anderson, nascida em 1905, faleceu em 1972. Foi sepultada em Langeoog, cidade alemã, onde está homenageada em um Memorial.
***"Lili Marlene", o filme (Alemanha, 1981. Dir.: Fassbinder)
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